A expectativa de safras cheias nos Estados Unidos e no Brasil na temporada 2016/2017 pressionam as cotações. O Departamento de Agricultura norte-americano (USDA) espera produção superior a 116 milhões de toneladas no país. Na última semana, a colheita alcançou 62% das lavouras, ainda abaixo do ano passado, quando estava em 73% nessa mesma época nos 18 estados pesquisados no levantamento. E 74% das plantações apresentavam condições de boa a excelente.
No Brasil, as primeiras estimativas da Companhia Nacional de Abastecimento (Conab) apontam, na melhor das hipóteses, para uma safra de 104 milhões de toneladas. Desde o fim do vazio sanitário em diversas regiões, em 15 de setembro, o plantio tem sido feito em bom ritmo, destaca a Parallaxis.
“O plantio adiantado da soja no Brasil, com chuvas favoráveis nas principais regiões produtoras possibilitando ritmo acentuado da semeadura, também tem pressionado negativamente os preços, colaborando com uma perspectiva de safra recorde”, informa.
Em Mato Grosso, as sementes de soja foram colocadas até a última semana em 31,4% da área prevista (9,368 milhões de hectares) pelo Instituto Mato-grossense de Economia Agropecuária (Imea). Os dados indicam o ritmo mais acelerado no campo desde 2009, quando o instituto iniciou a série histórica de acompanhamento de plantio.
As regiões produtoras no Estado têm registrado bons volumes de chuva, possibilitando a aceleração do trabalho de campo. Nas contas do Imea, a semeadura até a semana passada estava 17,11 pontos percentuais acima do registrado na mesma época em 2015, quando as máquinas tinham passado por 14,29% do previsto.
Enquanto as plantadeiras avançavam, o preço caiu 1,65% na última semana, chegando a R$ 70,05 a saca de 60 quilos, pressionado pela taxa de câmbio e os contratos de soja na Bolsa de Chicago (EUA). A paridade para março de 2017, referência para os contratos futuros da safra nova, caiu 1,87% para R$ 55,83 a saca.
A desvalorização da soja só não é mais acentuada porque há indicativos de uma demanda ainda acentuada, diz o Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada (Cepea). Em boletim divulgado no início desta semana, os pesquisadores informam que alguns produtores ainda esperam preços mais atrativos.
Na terça-feira, o indicador da instituição também com referência no corredor de exportação Paranaguá (PR) fechou com a média de R$ 76,79 a saca. Em outubro, a referência para o grão acumula uma baixa de 1,26%.
“Muitos produtores têm mostrado preferência por comercializar o volume remanescente da safra 2015/2016 apenas nos primeiros meses de 2017, fundamentados na possibilidade de os preços estarem mais atrativos nesse período, como ocorreu em anos anteriores”, avaliam.
Na avaliação da consultoria Parallaxis, o menor crescimento da economia da China em comparação com anos anteriores também não deve ter impacto significativo na demanda por soja. Os consultores consideram a possibilidade de ser ainda maior com preferência pela oleaginosa da América do Sul em detrimento da produzida pelos Estados Unidos.